16/01/2014
A ENTRADA NA PRÉ ESCOLA – A ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA À ROTINA ESCOLAR.
Com base nestas minhas experiências, resolvi escrever este texto, para ajudar professores e pais a entender o que acontece com as crianças, quando estas começam a frequentar a escola. Tentar mostrar que não é fácil para a criança separar-se de seus pais, mesmo que isto seja por poucas horas, e como estes devem proceder para que a adaptação seja algo positivo e menos traumático para a criança.
Não sou psicóloga, psicopedagoga... sou só uma professora que gosta muito do que faz e que quer o melhor para os seus alunos sempre!
Espero que o texto possa auxiliar pais e professores! O texto é pouco longo, mas vale a pena lê-lo até o final! Quem sabe não é este texto que talvez poderá esclarecer as sua dúvidas!
É nesta etapa, o início da fase
escolar, que ocorre a primeira ruptura entre os filhos e os pais, e isto, não é
fácil para as crianças e nem para os pais.
Adequar-se a estas mudanças, muitas
vezes, causam ansiedade, medo e insegurança em ambas as partes.
Quando a criança começa a
frequentar a escola, ela vive um momento delicado e tem que lidar de uma só
vez, com vários questionamentos que ela pouco entende. Ela precisa aprender a
ficar longe, por certo período, do convívio com os pais e a também fazer novas
amizades, criando novas relações afetivas, além daquelas estabelecidas com os
familiares.
As escolas tornam-se então, um
local desconhecido e assustador, pois tudo o que é novo, causa em nós medo e
insegurança, o que leva muitas vezes às cenas de birra, choro, manha na porta
da escola ou da classe, chegando até mesmo a gerar pânico nas crianças.
O primeiro dia de aula é um
momento difícil para crianças e pais. E por isso, ambos precisam de um período
de adaptação. As crianças precisam se adaptar a uma situação nova, sairão do
ambiente familiar para um ambiente novo e desconhecido, onde irão conviver com
pessoas também desconhecidas, que até então, não faziam parte do seu convívio
social. E os pais precisam
superar a insegurança de ficar longe, por algum tempo, de seus filhos e também
sofrem com a ansiedade e o medo da não aceitação dos filhos à nova situação.
O impacto desta separação é
fortemente sentido tanto pela criança como pelos pais. A criança se pergunta se
todos irão gostar dela, se a professora cuidará bem dela, se a mãe vai voltar e
por que a mãe não pode ficar com ela na escola. E os pais ficam preocupados se
os filhos ficarão bem sem eles por perto.
Por isso, é importante não
esquecer que cada criança tem o seu tempo para se adequar a estas mudanças.
Este período de adaptação varia
muito de escola para escola, existem escolas que estabelecem somente a primeira
semana de adaptação, outras estendem este tempo para duas semanas. Algumas
crianças podem levar mais tempo para se adaptar à rotina escolar, necessitando
assim, de um período maior, de três semanas a um mês, para a adaptação escolar,
principalmente as mais tímidas e com idades menores.
É importante lembrar que: JAMAIS SE DEVE ENGANAR A CRIANÇA! Não se pode
dizer à criança que é para ela ficar com
a professora, pois a mãe irá ao banheiro ou vai conversar com a diretora da
escola; ou mesmo, quando a criança estiver mais calma sair “de mansinho” ou
correndo e fechar a porta (acham que é isso é um absurdo? Pois acreditem,
acontece!); e tem também aqueles casos que, a mãe deixa a criança chorando e
fica escondida espiando na janela, gerando ainda mais insegurança e ansiedade na
criança e dificultando o vínculo afetivo entre ela e a professora. E NUNCA
dizer que a professora não gosta de criança que chora, que a professora vai dar
injeção ou chamar a polícia se a criança não parar de chorar (acham isso uma
maluquice??? Pois é, ouvia isso direto!), estas atitudes só servirão para a
criança rejeitar ainda mais a situação, e, também ficar com medo e insegurança
quando ficar na companhia da professora e dos amigos, sem a presença dos pais.
Os pais devem entender que os
filhos passarão algumas horas longe deles, na presença de adultos e crianças
que os filhos não conheciam. É fundamental ser claro e seguro nas explicações:
eles devem explicar para a criança que ela vai para a escola, onde terá uma
professora e amiguinhos novos e que eles ficarão algumas horas longe de casa,
mas que no final da aula, eles voltarão para lá! Na minha sala de aula, eu
usava sempre o exemplo da bola que bate na parede e volta: dizia que com a
mamãe é igual... Ela vai... Mas ela volta!
Há aquelas crianças que se adaptam com mais facilidade, e, nestes casos, não há necessidade da presença dos pais ou responsáveis junto com a criança na escola.
É muito importante ressaltar que,
para uma adaptação bem sucedida, a postura dos pais é de grande importância, estes
precisam estar SEGUROS da decisão de matricular a criança na escola. Se eles
ficarem o tempo todo, perguntando se a criança quer ir a escola, ela irá
perceber a insegurança dos pais nesta questão. Lembrem-se: a criança não é
capaz de decidir sozinha, ela ainda não tem maturidade para isto!
Outra dica importante é levar em
conta e respeitar os sentimentos da criança; não coloque a criança na escola em
momentos que ocorreram grandes mudanças familiares como nascimento do irmão,
separação dos pais, morte de entes queridos, mudança de casa ou cidade. Nestes
momentos, a criança necessita de carinho e atenção e de estar perto dos pais.
Existem crianças que nesta fase, voltam a fazer xixi na cama, chupar o dedo ou chupeta, voltam usar a mamadeira,
começam a ter uma fala infantilizada, fazem birra. Mas depois que a criança já se adaptou à rotina escolar, estas atitudes comportamentais desaparecem.
É muito comum, neste início, ocorrer algumas disputas entre a criança e outros coleguinhas de classe por brinquedos, material, folhas, livros, porque até então, tudo era só para ela e agora ela terá que dividir com mais crianças, mas isto também é normal! Muitas vezes isto pode até gerar um pequeno momento de birra na porta da classe, mesmo naquelas que a adaptação ocorreu com maior facilidade. Outras vezes, a presença da professora substituta na ausência por um ou vários dias da professora, também pode fazer com que a criança não queira mais ir para a escola. Criança gosta de rotina, é isto que dá segurança a ela! Estabelecer e manter uma rotina dentro e fora da escola, é importante para o bom andamento das atividades, e, o fato da mudança repentina de professora, pode causar nela ansiedade e insegurança, principalmente se isto ocorrer nos primeiros dias de aula.
Nestes casos, saber o que está
acontecendo e o diálogo aberto e franco com a escola é primordial! Pois assim,
pais, professora e equipe escolar, buscam juntos uma ação conjunta para sanar
as possíveis dificuldades e desenvolver um bom trabalho.
Separação é algo que precisa ser
entendido. Cada um tem um jeito diferente de lidar com as mudanças. Assim, é
importante ainda lembrar que, os pais precisam respeitar a individualidade da
criança, não insista para a criança ficar na escola, se ela ainda não está
preparada para isto. A escola dever ser um lugar onde seja prazeroso para ela
ficar, em que ela se sinta a vontade para brincar, conhecer, relacionar-se,
enfim, viver e aprender com alegria. Caso contrário, a aprendizagem não
acontece, e ao invés, de construir vínculos e desenvolver-se de maneira ampla e
positiva, a criança estará adquirindo traumas e desenvolvendo bloqueios. Por
isso, se depois de três semanas, a criança ainda apresentar momentos de choro e
birra, demonstrar dificuldade e/ou rejeição para permanecer na escola sem a
presença de um adulto da família, talvez seja necessário o adiamento do
ingresso dela na escola por mais algum tempo.
Incentive e encoraje a criança a
ir para a escola e JAMAIS fale mal da escola,
da professora e dos coleguinhas de classe, pois isso dificultará o
estabelecimento do vínculo afetivo e o estreitamento da relação de amizade
entre ambos Os pais têm papel fundamental nesta fase, tentando amenizar o medo
dos pequenos dando segurança a eles para enfrentar esta nova etapa,
demonstrando confiança na escola que escolheram para os filhos frequentarem.
Leve a criança para a escola com entusiasmo e tranquilidade. Assim a criança perceberá que ir para a escola é motivo de felicidade e alegria e não de sofrimento e dor!
Leve a criança para a escola com entusiasmo e tranquilidade. Assim a criança perceberá que ir para a escola é motivo de felicidade e alegria e não de sofrimento e dor!
A parceria ESCOLA e FAMÍLIA é o
que garante o sucesso do processo ensino-aprendizagem!
Por: Tuca Martins da Silva
Por: Tuca Martins da Silva
Obrigada saber de uma educadora o que ocorre na realidade é de muita ajuda. Gostei
ResponderExcluirOlá Patrícia! Bem vinda ao Blog Cantinho Educativo! Obrigada pelo feedback! Este espaço foi criado justamente para isto! Compartilhar experiências e ajudar professores! Volte sempre!!! Beijinhos!
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