JEAN PIAGET E A TEORIA COGNITIVA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO - CANTINHO EDUCATIVO
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22/04/2024

JEAN PIAGET E A TEORIA COGNITIVA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

 



Jean Piaget (1896-1980), é considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, dedicando boa parte da sua vida a estudar como o conhecimento se dá no indivíduo desde o seu nascimento.


Desde muito cedo, Jean Piaget demonstrou uma capacidade analítica usando como método de pesquisa a observação e também o raciocínio lógico. Ele foi além e começou a estudar como o conhecimento se desenvolve, desde os sinais mais primitivos até os mais sofisticados. E foi observando seus filhos e outras crianças durante brincadeiras e atividades, que Jean Piaget fundamentou a sua Teoria Cognitiva, investigando principalmente como a criança desenvolve a sua inteligência, seu pensamento, a sua linguagem e constrói o seu conhecimento.


O pesquisador suíço sempre acreditou que o principal objetivo da inteligência é exercer função adaptativa, ou seja, é ajudar as pessoas em sua ambientação ao meio em que vivem. Os trabalhos produzidos por Piaget servem como base para explicar muitos elementos da aprendizagem humana e busca compreender o desenvolvimento do ser humano. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia Genética.


Um outro ponto importante a ser considerado, é que as teorias de Jean Piaget primam pelo rigor científico, ou seja, ele não somente descreveu o processo de desenvolvimento da inteligência mas, experimentalmente, comprovou suas teses.


Muito embora, curiosamente aliás, Piaget nunca tenha tido a intenção de formular uma teoria específica de aprendizagem, as suas teorias exerceram e ainda exercem grande influência na Educação, trazendo contribuições importantes para este campo.


Dentre estas contribuições destaca-se a linha interacionista de suas teorias, cujo eixo central é a interação entre o indivíduo e o meio e essa interação se dá por meio de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, ou seja, na medida que o indivíduo recebe influência do meio em que vive, recebe estímulos externos e assim continuamente vai construindo seus conhecimentos durante toda a sua vida.


Em suas pesquisas, Piaget desenvolveu a teoria a teoria da construção do conhecimento, denominada "epistemologia genética", que explica como o conhecimento é adquirido e estruturado em nossa psique, desde o nascimento até a vida adulta.


Para ele as crianças são ativas e agem espontaneamente no meio em que vivem. Estruturalmente ela e diferente do adulto, mas funcionalmente é igual. Segundo ele, é no pensamento que se concentra a base para a aprendizagem, e, é através dele que a inteligência se manifesta. A inteligência, é fenômeno biológico, condicionado pela base neuronal do cérebro e do organismo, sujeito ao processo de maturação do mesmo, por isso, de acordo com Piaget, as crianças só conseguem aprender aquilo para qual estão preparadas assimilar. Neste sentido, os professores, devem propor atividades que favoreçam e aperfeiçoem o processo de descoberta dos alunos, mesclando atividades e conteúdos que possibilitem o desenvolvimento afetivo e intelectual deles.


Em seu trabalho, Piaget demonstrou que as crianças têm uma maneira própria de pensar e evoluem de acordo com períodos ou faixas etárias bem definidas, a saber:


 Período Sensório-motor (0 a 2 anos): exploração do meio se dá através da percepção e manipulação dos objetos. Fase caracterizada pela conquista através da percepção e movimentos. Predominância do egocentrismo. Centralização no próprio corpo. Gostam de imitar situações. Ações como sugar, atirar, bater, agarrar e chutar são características predominantes neste período.


Período Pré-operatório (2 a 7 anos): corresponde ao período chamado de “primeira infância”, onde a linguagem e o desenho começam a ser desenvolvidos. Com o aparecimento da linguagem, os aspectos:  intelectual, afetivo e social da criança também começam a se modificar, pois elas passam a interagir e se comunicarem com outros indivíduos.


Período das Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos): corresponde à fase da infância propriamente dita.  Começa a desenvolver o raciocínio lógico, a aprendizagem sistemática e a capacidade de fazer associações e análises lógicas entre números, grandezas, volume, comprimento, massa, etc.  Nesta fase, começa a ocorrer o equilíbrio e estabilização entre a assimilação e acomodação. O egocentrismo dá lugar à empatia e as crianças começam a aceitar positivamente o trabalho em grupo e paulatinamente passam a ter autonomia pessoal.


Período das Operações formais (11 ou 12 anos em diante): fase da adolescência. O desenvolvimento da inteligência atinge o seu auge, correspondendo ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. Esta última fase, começa por volta dos 12 anos e é durante ela que o indivíduo começa a lidar com as abstrações. O adolescente começa a levantar hipóteses a respeito do futuro. Começam a refletir sobre a vida em sociedade e a relação com o próximo.


As teoria de Piaget causaram e ainda causam grande impacto na educação, principalmente na formulação de propostas educacionais, onde se evidencia a importância de se elaborar conteúdos, estratégias e procedimentos didáticos diferenciados para crianças em cada uma das fases supracitadas, cujo propósito vise fundamentalmente a melhoria da educação e a garantia de que todas elas aprendam, respeitando a individualidade o ritmo de cada uma delas. Ao compreender como se dá esse processo de construção do conhecimento pela criança, pode-se desenvolver métodos pedagógicos mais eficientes afim de aperfeiçoar ou substituir os sistemas de ensino já existentes.


A obra de Piaget é reconhecida em todo mundo e muito contribuiu para compreensão da formação e construção da inteligência. Resumir a sua teoria não é uma tarefa fácil, pois sua obra é muito vasta. Piaget trabalhou incansavelmente até às vésperas de sua morte, aos 84 anos, em 1980, no seu propósito de descobrir e entender como se dá o desenvolvimento da inteligência humana. Até sua morte, Piaget deixou escrito por volta de 70 livros e mais de 400 artigos. Tamanha foi a sua contribuição para a educação universal.


Em última análise, vale ressaltar que a obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno, mas mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades que podem ser estimuladas para que a aprendizagem ocorra, e desta forma, conhecendo estas possibilidades, os professores podem oferecer estímulos adequados e favorecer um maior desenvolvimento da criança.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.


PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Editora Forense Universitária, 23 ed. Rio de Janeiro, 1998.


PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p. 


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