08/04/2025
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E AUTOESTIMA
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Foto de CDC na Unsplash |
Ainda hoje, o tema dificuldades de aprendizagem é foco de grandes discussões e de muitos estudos que buscam possíveis explicações e causas para o fracasso escolar. Ao tratarmos de dificuldades de aprendizagem, é importante ressaltar que a afetividade e o desejo de aprender são dois importantes aspectos que devem ser levados em conta para que a aprendizagem de fato aconteça.
A sala de aula é um ambiente plural, onde a diversidade está muito presente. Em nossas classes, encontramos todos os tipos de alunos, os mais adiantados, até os que ficam um pouco atrasados, porém, todos eles têm o mesmo potencial para aprender. Cada criança tem o seu próprio ritmo de aprendizagem. Isso faz da sala de aula um ambiente rico e motivador na aceitação dessas diferenças.
Muitos pesquisadores, a longo do tempo, afirmavam que as dificuldades de aprendizagem estava centrada exclusivamente nas crianças, atribuindo o insucesso delas nos métodos de avaliação, que não valorizam suas peculiaridades e desenvolvimento cognitivo; centrados em critérios classificatórios pré-estabelecidos de verificação do rendimento escolar, desta maneira, o mau aproveitamento escolar era entendido como desempenho inferior do aluno em relação ao esperado pela escola.
Devido a isso, por longos anos, os alunos sofreram punições e críticas, foram penalizados, segregados e responsabilizados pelo fracasso. Sabemos, no entanto, que muitos fatores influenciam nas dificuldades de aprendizagem. Este fatores não são apenas o orgânico, mas também a estrutural, isto inclui o funcionamento da escola e a inadequação a sua clientela, o sistema de ensino e principalmente a relação que o aluno faz com o aprender.
A dificuldade traz sofrimentos para a criança. Nenhuma crianças apresenta baixo rendimento por vontade própria. Ela, ao perceber que tem dificuldade para assimilar o que é ensinado, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade, agressividade, etc.
Conduta inadequada, comportamento agressivo ou apático, transtorno emocional, condições culturais, também são apontados por alguns pesquisadores do assunto, como possíveis fatores que produzem dificuldades de aprendizagem, mas não podemos classificar dessa forma tais comportamentos agressivo ou apático, pois eles podem representar reações a frustrações por não conseguirem aprender.
Geralmente, alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, recebem rótulos: alunos especiais, excepcionais, carentes, deficientes, privados culturais, fracos, lentos e tantas outras que os estigmatizam destinando-os ao fracasso.
Com os avanços hoje, dos estudos no campo da Psicologia, da Neurociência, da Psicopedagogia, entre outras, não podemos limitarmos a acreditar que as crianças não conseguem aprender por uma questão de vontade própria ou do professor. Os avanços no campo dessas ciências, vem mostrando que é uma questão muito mais complexa, evidenciando que vários fatores podem interferir na vida escolar da criança e uma série de fatos vinculados à evolução psicológica estão sendo reavaliados a respeito das dificuldades de aprendizagem.
Nesse sentido, o centro da questão deixou de ser o aluno e passou a ser o sistema como um todo, incluindo currículo, avaliações, planejamento, problemas de relacionamento professor-aluno, as questões de metodologia de ensino e os conteúdos escolares, que padronizam o ensino e exclui aqueles que não se adequam ao seu currículo escolar, sejam eles crianças, adolescentes ou adultos, pois em qualquer idade as pessoas teriam a possibilidade de manifestar dificuldades de aprendizagem.
A inadequação da escola a sua clientela, por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos, situações de abandono, separação dos pais e/ou perda, lares instáveis, falta de estímulo por parte dos pais, muito tem contribuído para o mau rendimento escolar das crianças. Diante de tantas dificuldades, a criança, muitas vezes, chega a um estado limite de resistência emocional, e na escola nem sempre encontra o respeito pelas suas dificuldades.
A experiência negativa de passar anos repetindo a mesma série, também é uma das maiores causas do fracasso e evasão escolares. Isso inculta no aluno a sensação de incompetência, de fracassado, de insucesso, pois após reprovações sucessivas e esforços inúteis, o desestímulo é inevitável.
A criança constrói a imagem de si mesma baseado no que vê e ouve dos adultos com quem convive. Se a família e as pessoas mais próximas dela não a valorizam, fatalmente a sua autoestima ficará comprometida, o que desencadeará uma série de outros comprometimentos como a falta de motivação para aprender e o sentimento de insucesso. E isso afetará muito a vida do aluno na sala de aula, pois crianças desmotivadas, sem expectativa de sucesso na escola, jamais terá desejo em aprender.
Um número muito pequeno de crianças possuem de fato comprometimento cognitivo, ou seja, não são capazes de aprender os conteúdos escolares como os outros. O que se conclui, a partir disso, é que a grande maioria das crianças tem plenas condições de aprender e que há um sério comprometimento nas práticas de ensino; ou seja, a escola não está conseguindo cumprir a sua premissa básica que é ensinar a ler e escrever.
Para a superação dos problemas de aprendizagem, é fator fundamental a valorização dos aspectos positivos da criança. Para que a aprendizagem ocorra, é fundamental acreditar na criança, na sua inteligência e no seu potencial. Uma vitória na sala de aula pode ser refletida na vida do aluno em outros ambientes e outras situações. O professor precisa entender o processo de construção do conhecimento por parte dos seus alunos, propondo aos alunos atividades com situações desafiadoras, ou seja, ao mesmo tempo difíceis e possíveis, para assim, tornar o seu trabalho mais eficiente e dinâmico.
É preciso que o professor atente para as diferentes formas de ensinar e aprender. O professor deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos através das atividades cotidianas e diferentes estratégias de ensino, construindo, reconstruindo e fortalecendo sempre os vínculos afetivos com seus alunos, de maneira forte e positiva.
Garantir que todos os alunos aprendam é um grande desafio, por isso, o professor e a escola precisam saber lidar também com as diferenças de toda ordem, inclusive de alunos com deficiência Uma boa situação de aprendizagem é aquela em que a criança é encarada como sujeito que constrói seu próprio conhecimento, onde põe em jogo tudo o que sabe. Propor em sua sala de aula trabalhos que levem em consideração o que os alunos já sabem; valorizar as informações trazidas de casa e ensinar com base nesses conhecimentos são oportunidades para tornar aquilo se aprende significativo.
Ao perceber que não é só o professor que detém todo o saber, a criança terá sua autoestima elevada e grande motivação e desejo em aprender.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MARTINELLI, Selma de C. Os aspectos afetivos das dificuldades de aprendizagem. In: SISTO, F. F. e BORUCHOVITCH, E. (orgs). Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
PARGA, Márcia. O enlace desejo-inteligência na aprendizagem. In: Sisto, Fermino F. et al. Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 2001.
SISTO, Firmino F. Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

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